sexta-feira, 30 de junho de 2017

Estimular o cérebro




Este é um texto disposto a comunicar de uma forma que abrirá ao leitor as possibilidades do seu tópico.
Despertando-lhe o interesse pelo tema que desta lição introdutória prosseguirá para manuais de informação mais completa.
Deixando-lhe dúvidas que tardarão muitos anos a ser respondidas mas que promoverão a reflexão e a imaginação.
Como porta de entrada é o melhor livro possível, embora sejam admissíveis as críticas que lhe apontem alguma superficialidade.
Em meras seis lições - uma relação com os episódios da série de que este livro é uma adaptação - não era possível ir além de "umas luzes" , apropriadas à admissão do autor em como está a cativar o leigo.
O ensinamento vai de nós próprios até àquilo que no futuro poderemos fazer do cérebro, passando pela percepção da realidade.
O autor tanto aborda a impressionante estrutura física do cérebro como o funcionamento dos processos que nos permitem ter uma rotina inconsciente que sustenta o corpo.
Ao longo do livro conhecem-se as limitações da percepção e como a partir delas formamos a nossa memória.
Se ficamos a conhecer detalhes de como a biologia deste orgão altera os caminhos da vida, também se conhecem detalhes sobre o estado de consciência, aquele que causa a distorção do tempo e pode ser impeditivo de decisões instantâneas com a qualidade dos automatismos existentes no cérebro.
David Eagleman aborda tópicos que devem ser de interesse para todos os que querem compreender as mudanças que o envelhecimento ou o contexto social trazem à personalidade e à capacidade do cérebro.
Depois leva as lições para como a tecnologia permitirá elevar as capacidades do cérebro e, talvez, permitir chegar a níveis de percepção que multiplicam os sentidos humanos e proporcionam uma aproximação a uma verdade mais abrangente.
Verdade que nunca deixará de ser única a cada cérebro ou, como o autor expressa essa ideia, sete biliões de cérebros, sete biliões de verdades para o mesmo acontecimento.
Uma aproximação a tópicos que ficam longe da Biologia e são mais próprios da Filosofia e, até mesmo, da Ficção Científica.
Ideias que ficam para reflexão para provar que o muito que se sabe sobre o cérebro é ainda infinitesimal perante aquilo que o cérebro alcança, propositadamente ou por acidente.
A incorporação de casos verídicos incentiva as interrogações sobre os extremos a que o cérebro pode levar o ser humano. Seja pela demonstração dos esforços que podem ser necessários para que o cérebro tenha um funcionamento normal. Ou pelo relato dos efeitos superlativos que uma conexão diferente pode ter na percepção do mundo.
Sejam os tópicos mais comuns ou os mais surpreendente, em todos se reconhece um enorme entusiasmo de tratamento.
Em muitos momentos a abordagem é arrebatadora, bem auxiliada por uma escrita cativante e que confia na inteligência do leitor, ainda que laivada pelo hábito palestrante do professor Eagleman.
As muitas metáforas que ele utiliza demonstram essa procura da coloquialidade e da simplificação das expressões usadas para que a todos sejam acessíveis.
Reconheça-se que nem todas as metáforas funcionam mas nenhuma delas reduz a exactidão que o autor traz ao que conta.
Assim atinge a combinação ideal entre o literário e o científico, fulcral para que a divulgação científica seja uma das bases de lançamento de interesses múltiplos.


O Cérebro - À Descoberta de Quem Somos (David Eagleman)
Lua de Papel
1ª edição - Abril de 2017
200 páginas

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