domingo, 13 de setembro de 2015

Azarqueologia

Há muito que não há um livro sobre o qual tenha tão pouca vontade de escrever. Eis O Labirinto de Água, um livro mau, mas não mau o suficiente para inspirar uma boa crítica pela sua vertente corrosiva.
Opto, então, por escrever uma crítica breve que me livre, com rapidez e em definitivo, deste livro.
Não há maneira sequer de escalar negativamente as características deste livro!
Começo pelo óbvio, é um livro mal escrito. Aborrecido e massudo, arrasta-se página após página sem uma frase que o redima.
Um paradoxo para o que deveria ser um thriller emocionante e veloz. A culpa está, muito provavelmente, numa procura de rococó literário que o autor confunde com beleza, que nem sequer sabe o que seja.
Frattini dedica sempre um grande esforço a dar um passado aos seus personagens, tentando fazer deles figuras tridimensionais em três parágrafos ou menos.
Não só um passado, um que tenha curiosidades históricas e geográficas interessantes para o leitor.
Sendo isso feito com personagens que vão intervir numa única cena do livro antes de nunca mais serem referidos ou, mais comum, serem mortos o autor tem sucesso em aumentar o seu livro em 20% para lhe dar o volume que vende melhor a peso - uma prática que descobri existir nos alfarrabistas de Itália.
O final não compensa o leitor pelo tempo dispendido com a trama e a revelação que tem que ver com o Evangelho de Judas e o que ele significava para o Cristianismo é mesmo a banalidade que já se suspeitava desde o início.
Terminar o livro só para evitar a curiosidade que pode ser uma irritante fonte de comichão.
Não sendo masoquista só o fiz acelerando nas páginas em diagonal tão acentuada que era quase uma leitura na vertical.
Finalmente, este é um livro cuja premissa nem sequer faz sentido, uma aventura que nasce de uma carta que uma velha senhora deixou à sua neta em perspectiva desta vir a ser a versão feminina de Indiana Jones para o Evangelho de Judas.
Deixou a carta num cofre quando a neta tinha dez anos e nunca mais lhe mexeu, o que requer uma confiança plena no destino.
Felizmente para o autor Afdera Brooks não seguiu Medicina ou Engenharia, caso contrário não haveria aventura em que ele gastar mais de quatrocentas páginas.
A Arqueologia como opção de carreira de Afdera é o grande azar dos leitores.


O Labirinto de Água (Eric Frattini)
Porto Editora
1ª edição - Março de 2010
448 páginas

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