domingo, 24 de abril de 2011

O mistério que interessa

Smilla e os Mistérios da Neve é um policial negro intressante mas a partir de um certo momento deixou de me interessar a resolução do mistério, a plausibilidade da narrativa ou o destrinçar das personagens e reviravoltas.
Aliás, tudo isso deixou mesmo de interessar ao livro que termina com uma frase que será temida pela maioria dos leitores de policiais: Este caso ficará sem solução.
O livro é muito mais sobre - e vou estar a evidenciar o óbvio - Smilla, uma mulher que prefere o contacto com a neve a qualquer relação humana mas que é capaz de perseguir a verdade sobre a morte de um miúdo seu vizinho até a uma gruta na Gronelândia.
Contradições de uma mulher que aprecia a sua solidão, que nunca compreenderá a interacção humana, que é resiliente ao limite do exagero.
Uma figura fascinante que enche as páginas com os seus pequenos apontamentos, sejam memórias ou devaneios. São aquilo que existe dentro de si e cujo interesse de os ver expressos nos causa surpresa.
Olhando para o gelo, é todo igual. E, no entanto, Smilla categoriza-o E o leitor acha essa informação fascinante. Aquilo para que nunca olhámos com atenção pode guardar maravilhas.
Assim é Smilla, aparentemente um vazio de razões para um livro e uma figura que o insufla com a sua vida interior.
O caso fica sem resolução, mas ficamos certamente mais próximos de desvendar os mistérios da neve e de Smilla.


















Smilla e os Mistérios da Neve (Peter Høeg)
Edições Asa
2ª edição - Outubro de 2010
480 páginas

1 comentário:

  1. Um livro estranho... foi essa a ideia com que fiquei após ler a crítica, mas fiquei curiosa para o ler...

    bjs*

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