sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Diferente do esperado

Uma singular ilustração de capa, tão diabólica quanto infantil, a par de um título chamativo e capaz de sugerir perigos sérios para diversões inocentes com amigos imaginários.
O livro não me deu exactamente aquilo que esperava, mas deu-me algo apreciável que o título em português revela em demasia (se nada se imaginar com ele) mesmo que nunca na totalidade.
A história de uma criança atormentada por um demónio. Uma criança que entretanto se tornou pai para ver a sua obsessão de novo a pairar no horizonte.
O demónio, real ou não, é o tema que preenche os cadernos terapêuticos em que reconta a sua infância.
Culpas próprias ou sobrenatural? Doença ou praga? Alucinação ou criação subconsciente?
Estes são os elementos de uma história discreta na implementação de um horror psicológico onde não há terrenos firmes para pisar, onde se tem de optar por uma explicação ou deixar-nos oprimir pela dúvida.
O rapaz que falava com o Diabo trouxe-me à memória Angelica e, embora não seja tão poderoso quanto este livro, acabou por me encaminhar a um final inteligente, que mantém a dúvida e cria uma ânsia quase desesperante para o que possa, afinal, acontecer.
Esse final compensa a superação que algumas das páginas foram exigindo, nem sempre com as palavras polidas para terem a melhor dinâmica, efeito ou ritmo, dependendo do momento.


















O rapaz que falava com o Diabo (Justin Evans)
Editorial Presença
1ª edição - Fevereiro de 2010
336 páginas

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