segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não me deixei infectar

Scott Sigler tem uma boa dose de talento como escritor. As suas descrições são ricas e vê-se que ele se demora nelas com muito conforto.
No entanto, esse talento é um contra-senso num livro assim, um livro a pedir velocidade de execução, ritmo frenético de leitura e incapacidade de nos contentar com meia dúzia de páginas de cada vez.
Estamos a falar de um livro disposto a disputar o campeonato da imagem. O tema, o género, a forma, tudo isso aponta para o tipo de história que veríamos numa série televisiva.
Mas quando a descrição pormenorizada de Sigler invade o texto, o leitor perde o embalo em que já seguia. A culpa não é só da qualidade da descrição, mas das suas características.
Explorando ao pormenor de um realismo obsessivo cada descrição, Sigler traz-nos mais informações do que aquelas que precisamos.
Que interessa em que cruzamentos de que ruas estão estacionados três carro que rodeiam uma casa, se não reconheço nenhuma dessas ruas. Para construir o cenário do que está descrito ali bastava-me uma breve frase com a disposição dos mesmos em vez de um parágrafo com nomes que nada me dizem.
Isto vai desgastando o leitor que tão depressa acelera pelas páginas fora como de irrita com outras tantas que o demoram.
Acabei por pousar o livro e não vejo hipótese de a ele voltar. Talvez ainda pergunte a alguém como acaba, mas nem mesmo isso me desperta tanto interesse assim neste momento.


















Infecção (Scott Sigler)
Gailivro
1ª edição - Setembro de 2009
456 páginas

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