quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Popular sabedoria

Três cavalos é como um móvel feito para ser sólido mas cuja beleza se revela pelo passar do Tempo.
Tem a desenvoltura manual e tem também a beleza artesanal, tem a solidez suavizada pelo detalhe, o peso do ouro temperado pelo trabalho de filigrana.
Três cavalos está repleto daquela sabedoria que não se escreve, que apenas se vive, de alguém que mete as mãos na terra e lê velhos livros à mesa do almoço.
De quem é refém de uma guerra que não foi sua. De alguém que não taxa o valor da amizade, independentemente de como ela é desniveladamente retribuída de parte a parte. De alguém que se convence não conseguir voltar a amar mas que ainda assim o faz.
Três cavalos tem a serendipidade de encontros que são como renascimentos e redescobertas de si mesmo.
Tem a memória acabada da vida que se levou e a esperança infinita da vida que está por vir.
Três cavalos é uma obra que se dá ao leitor pela sua escrita que é quase como um discurso de natureza popular, mas que dá ainda mais ao leitor por toda a sabedoria que só um discurso assim pode acalentar em nós.


















Três Cavalos (Erri De Luca)
Ambar
1ª Edição - Junho de 2004

120 páginas

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