sábado, 11 de abril de 2009

O tempo da risada maléfica


O que menos se pode dizer de O Rapaz que chutava porcos é que é politicamente incorrecto.
Tem aquela deliciosa perversidade que os pais de hoje em dia teimam em escudar dos seus filhos, como se fosse por ela que as mentes deles se "corrompessem", quando certamente serão os jovens leitores os que menos se chocariam com tudo isto, pois eles compreenderiam o humor que advem de toda esta negra e burlesca comédia.
Claro que convem ter alguma perversidade para com o mundo para melhor apreciar este conto grotesco que consegue fazer pouco da autoridade, do jornalismo moderno e da vida em si mesma, enquanto cria o caos total e assustador sem contemplações.
Mas convem também encarar o mundo com os olhos de uma criança para que não nos choquemos com este impossível terror de um rapaz que odeia a humanidade por uma simples questão de ego.
Até porque o choque será maior quando percebermos que, no fundo, não fosse tanto exagero de consequências, seríamos nós o rapaz que chutava porcos, mais os seus sentimentos que teimamos em esconder.
Este livro vinga-nos sem prejuízo de ninguém e é com prazer que tentamos resguardar as nossas gargalhadas, que logo soam como risadas a meio caminho entre o Diabo e o "diabinho".
Vai já ali para a prateleira fazer companhia ao A Morte Melancólia do Rapaz Ostra e ao Histórias em verso para meninos perversos, para melhor fazer perdurar o prazer da infância pela idade dentro!



As ilustrações do livro - de que podem ver um exemplo no topo desta crítica - pertencem a David Roberts e são, elas próprias, uma delícia!


















O rapaz que chutava porcos (Tom Baker)
Editorial Teorema
1ª Edição - Maio de 2003
132 páginas

1 comentário:

  1. Só é pena o final, que mesmo mantendo o "horror", se assim lhe pudermos chamar, presente no resto da leitura, deixa de lado os acontecimentos aleatórios e a sua escrita dirigida directamente aos leitores, prato principal e mais saboroso do livro.

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